Saída de Adalberto era unanimidade
Leandro Quesada
Em uma coisa os dois grupos – a favor e contra Juvenal Juvêncio – estavam de acordo: a permanência de Adalberto Baptista era insustentável.
Desde a chegada ao comando do futebol do SPFC, o empresário e sócio do Grupo Aché, o maior laboratório farmacêutico da América Latina, causou ciúmes dentro do clube. A relação estreita com JJ era vista com olhares desconfiados. Adalberto ganhou espaço no Tricolor depois de alinhavar e bancar a contratação de Luis Fabiano.
Se por um lado, ele ganhou poder, por outro Leco e João Paulo de Jesus Lopes perderam parte da voz em algumas importantes decisões do futebol. Adalberto era visto como filhinho de papai, petulante, arrogante, com nariz empinado e ar de superioridade. Muitos temiam que ele atropelasse todo mundo no Morumbi para conquistar mais espaço.
No episódio em que critica o ídolo Rogério Ceni, Adalberto comete um erro imperdoável ao mexer com algo intocável: o ''amor'' são-paulino pelo maior símbolo do futebol do clube. Erro que custaria muito caro uma semana depois de ser cometido.
Adalberto chegou a ser apontado como um dos sucessores de Juvenal Juvêncio no comando do Tricolor. A proteção de JJ, ironicamente, não foi suficiente para seguir. Juvenal percebeu que sem Adalberto, algumas pressões acabariam. A saída do diretor deixa o ambiente mais leve mas não encerra todos os problemas do time e do clube. O presidente do São Paulo poderia ter sustentado o fiel escudeiro no cargo mas preferiu não comprar a briga com gente que, neste momento, está ao lado dele. Melhor assim, já que no ano que vem tem eleição no São Paulo e JJ não quer largar o osso.
Adalberto, agora, longe do futebol, terá mais tempo para se dedicar ao laboratório farmacêutico e às corridas de carro.