Desafios do futebol feminino no Brasil
Leandro Quesada
No dia 17 de julho, as meninas do Brasil embarcam para a terra da Rainha. Em Londres, elas buscarão a inédita medalha de ouro do futebol (sonho também compartilhado pelos rapazes).
A tal medalha terá um valor maior que o próprio ouro por conta do certo abandono vivido pelo futebol feminino no Brasil.
Os clubes tradicionais do futebol investem pouco ou quase nada nas mulheres que praticam o esporte mais popular do mundo.
O Santos vinha se destacando com as ''sereias da Vila'' mas cortou os investimentos e encerrou as atividades.
Com apoio da importadora Casa Flora, uma das maiores da América Latina, a camisa do Corinthians foi patrocinada pela vinícola chilena Santa Carolina. Um dos donos, o empesário Adilson Carvalhal Junior, me contou que o clube conduziu sem carinho a parceria, o que afastou a empresa do futebol. Foi o ''case'' de como não fazer a coisa virar.
A secretaria municipal de esportes de São Paulo adotou a ideia de investir nas moças assim que o time feminino do Santos foi fechado. O Centro Olímpico, em uma ação do secretário Bebeto Haddad, com a ajuda de quatro patrocinadores (Marabraz, Liderrol, Interativa e AS Engenharia e Construção) montou a equipe que já está na final da Copa do Brasil contra o São José. Bebeto ''passou'' a mão no telefone e apresentou o projeto aos investidores. Simples, não?!
Jogadoras como Erika, Maurine, Debinha e Gabi foram contratadas, seguem jogando e mantendo a forma para ajudar a seleção em Londres.
Lusa, São José, Juventus, XV de Piracicaba, Vasco, Vitória-PE e Foz Cataratas são o clubes que emprestam jogadoras ao time brasileiro.
A bela Erika, por sinal, em entrevista comigo, elogiou o apoio da prefeitura paulistana. Ela me retratou a situação do futebol das meninas do Brasil. Os salários mais altos não ultrapassam a quantia de 5 mil reais, uma realidade bem diferente do futebol masculino.
Manter um time de futebol feminino não custa tanto e a mídia é excelente. A Band tem ótima audiência quando mostra os jogos das meninas com 8, 9 e 10 pontos de Ibope, por exemplo. O interesse do público é enorme e o retorno para as empresas que associam a marca ao futebol das moças é considerável.