Adriano, o indomável
Leandro Quesada
O rompimento de contrato de Adriano com o Flamengo não pegou ninguém de surpresa. Depois das seis faltas do atleta aos treinos, algumas delas por causa de baladas, o clube da Gávea encerrou a ligação com o “imperador”.
O contrato de produtividade, que terminaria no fim do ano, foi rescindido com atraso já que o acordo previa a rescisão após três faltas (ele faltou seis vezes ao trabalho).
A cena de pouco comprometimento de Adriano no Flamengo é apenas uma repetição de episódios recentes. Foi assim na Inter de Milão, no São Paulo, na Roma e no Corinthians. Mudaram as cidades, os clubes e os colegas de time mas o comportamento do atacante seguiu complicado.
No Timão, Adriano não cumprira a meta de recuperação preparada pelos médicos, preparadores físicos e fisioterapeutas. O técnico Tite tentou ajudar mas sentiu que Adriano não tinha jeito.
“Eu estava em casa, a minha filha estava próxima. Eu disse assim: O Corinthians e eu fizemos o que eu não faria para um filho meu. Ela olhou pra mim e perguntou: ‘pai, você não faria pra mim?’ Eu disse não! O que foi feito, eu não faria pra ti”, revelou.
O Corinthians, assim como o Flamengo, apostaram na recuperação de Adriano. Todos foram paternalistas e passaram a mão na cabeça dele.
No Corinthians, Adriano faltou a sessenta e sete tarefas de fisioterapia no total. Quando eu informei sobre as 42 faltas, o clube, rapidamente, fez questão de desmentir no site oficial.
Qual clube será o próximo a apostar no goleador? Eu me pergunto.
Muita gente tentou erguer Adriano. Joaquim Grava foi um deles. O médico e consultor do Corinthians, revelou à época, a insatisfação com o processo de recuperação de Adriano. “Eu me sinto um fracassado, não em relação ao tendão, mas por não ter recuperado o Adriano para jogar no Corinthians”.
Grava acreditava que pudesse repetir com Adriano, o que fizera com Ronaldo, dado como acabado para o futebol. Ronaldo, no entanto, seguiu o plano de trabalho e voltou a jogar em bom nível. Já Adriano, após a cirurgia no tendão de Aquiles, descumpriu várias obrigações nas etapas de recuperação.
“O Corinthians fez tanto por ele, que nós tinhamos certeza que iríamos ver o Adriano jogar bola, novamente, baseados no efeito Ronaldo. Tanto eu, como Andrés, Roberto e Duílio acreditávamos”, desabafa o médico.
Zinho foi outro que acreditava em um novo Adriano. O diretor de futebol do Flamengo imaginava que atuar na Gávea seria a salvação do atleta. “Não vou desistir do homem. Vou continuar conversando com ele para se recuperar. No lado profissional, fui obrigado a encerrar”.
Dona Rosilda, a mãe, então nem se fala.
Quem tinha razão mesmo era Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo. Juvenal disse que Adriano é “indomável”.