Desconectado, o São Paulo é como a internet que nunca funciona
Leandro Quesada
Nem o mais desconfiado torcedor do São Paulo e o maior anti-são-paulino de todos poderiam imaginar que o Tricolor, tricampeão brasileiro em 2006/07/08, passaria por uma vexatória campanha no atual Brasileirão, com o risco de mudar de divisão.
Explicar a fase ruim é simples. O time está desconjuntado ou se preferir, para usar um termo mais moderno, desconectado. No mundo da internet, poderíamos entender que a conexão do Tricolor está lenta, cai a toda hora e se não contratar um pacote de dados mais potente, vai navegar com muitas dificuldades.
Tradução: o time é limitado, com jogadores bem razoáveis e caso não se reforce a tempo, poderá ser rebaixado para a Série B.
Para quem achava que o técnico era o problema, os sucessivos fracassos da equipe comprovam que a questão maior é a baixa qualidade dos jogadores. Depois da saída de Muricy Ramalho, vários treinadores passaram e não deram jeito no time. Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Carpegiani, Adilson Batista, Leão e Ney Franco. O atual, Paulo Autuori, histórico, campeão mundial de 2005, também não conseguiu emplacar o trabalho vitorioso.
De duas opções, uma: Os técnicos são todos ruins ou os jogadores não têm a capacidade para jogar no São Paulo. Eu fico com a segunda.
É fato que as mudanças constantes de técnicos vão na contramão da filosofia da época de Muricy Ramalho, que ficou três anos e meio no Morumbi e foi campeoníssimo. O São Paulo não mudava o comando e ganhava sempre. Quando começou a mudar muito, entrou na rota dos insucessos seguidos. Além da perda de Muricy, as saídas de Marco Aurélio Cunha, Turibio de Barros Leite, Carlinhos Neves e Luiz Rosan foram preponderantes para a queda são-paulina. Uma super-comissão foi desfeita aos poucos, sem explicações plausíveis.
Nada foi por acaso nos últimos tempos no SPFC para entender as derrapadas tricolores.
A vida política, agitada nos últimos meses, com rachas nos setores do clube, inclusive com insatisfação dentro do grupo de Juvenal Juvêncio, contribuem para atrapalhar o ambiente do time. Quando a preocupação com o processo eleitoral dentro do Morumbi tornou-se mais importante que as coisas do futebol, o desempenho do time sofreu bastante, caiu e chegou ao nível alarmante do iminente rebaixamento para a segundona.
O São Paulo esnobou o tal ditado fajuto de que ''time grande não cai''. Mas, por mais perigosa que se apresente a situação deste momento, o Tricolor ainda tem como escapar da degola.