José Silvério: 50 anos de narração esportiva
UOL Esporte
Do narrador, todo mundo já falou. Vou contar aqui um pouco da minha amizade com José Silvério, o homem, o pai, o amigo. O homem decente e honesto, que teve infância dura, que lutou, trabalhou e trabalha como poucos e não por acaso alcançou o sucesso absoluto nestes 50 anos de profissão.
O pai sempre preocupado com os filhos já crescidos e agora com os netos, apaixonado pelo novo amor como sempre foi pelo primeiro.
O amigo que às vezes me trata como filho, me dá conselhos e me segura nos momentos de explosão.
O profissional com quem divido há 13 anos as principais transmissões da Rádio Bandeirantes, em finais de Libertadores, Brasileiros, campeonatos estaduais, Copa do Brasil, Eliminatórias e coberturas das Copas do Japão e Coreia, onde viajamos de shinkansen – o trem-bala – pela terra do Sol nascente, a da Alemanha em 2006, quando colocamos o pé na estrada em 11 mil quilômetros pelas autoestradas germânicas e a da África do Sul, onde retratamos as desigualdades do país de Mandela. Experiências inesquecíveis ao lado deste cidadão chamado José Silvério.
A carreira, as glórias, as lutas, as dores, as amizades e as narrações dos grandes jogos do futebol são contadas aqui por este mineiro de Itumirim. Ouça a conversa que tive com Silvério, especial, para o UOL Esporte:
DEPOIMENTOS:
''José Silvério, a quem batizei de 'Pai do Gol', é tão perfeito mas tão perfeito, que é o único na história do rádio, ao lado de Pedro Luiz, que poderia narrar um jogo de xadrez'', Milton Neves (Rádio Bandeirantes)
''É o Pelé do gol no rádio. Tem a antevisão do craque. Ele não narra em cima do lance. Ele narra antes. Ele desmente os fatos com os gols feitos. Ele desmente a imagem por que ele não erra. O gol é que não sai. Ele não canta o lance. Ele conta. De tanto antecipar o que vai acontecer em cada meta, ele botou na cabeça e na garganta que tudo é objetivo. É preciso. É concreto. Ele não floreia – narra. Ele não inventa – relata. Se narrar a emoção de um gol é inefável, ele é quem mais chega perto disso. Ou melhor: chega antes'', Mauro Beting (Rádio Bandeirantes)
''A convivência com José Silvério não se resumiu a narrações e comentários de futebol. Não ficou restrita à missão de contar a história dos jogos. Batemos longos papos nos estádios e a caminho deles. Certa vez, conversando sobre os efeitos da ação do tempo, às vezes cruel demais com as pessoas, tentamos entender a velocidade e a voracidade das transformações. Seus argumentos foram convincentes, não havia só perdas, mas um enorme aprendizado. As experiências justificavam o peso dos anos. Hoje, nos meus 50, entendo bem o Silvério, e porque ele continua craque também aos 50, de narração”, Paulo Calçade (ESPN)
''Amor, cuidado, profissionalismo… Chame como quiser, mas o fato é que o resultado do trabalho do José Silvério não depende só de talento. E é isso que o faz tão especial. Silvério trata muito bem o talento que tem e o leva ao nível máximo porque busca sempre a excelência nas transmissões. Como um mestre deve ser, ele nos inspira e nos ensina'', Sérgio Patrick (Rádio Bandeirantes)
''Trabalhei com vários profissionais de narração, mas entendo que José Silvério determinou uma forma de narrar em cima da bola e com tal exatidão que as transmissões ficaram muito mais fáceis para os ouvintes. No meu currículo, sempre poderei destacar que trabalhei com o ‘Pai do Gol’. Mais 50 anos de grandes jogos e grandes momentos do rádio. É isso que eu desejo a ele. Parabéns'', Alexandre Praetzel (Rádio Bandeirantes)
''Domingo, futebol e Silvério é uma trilogia que alimenta a vida de todos aqueles que gostam de emoção. Notem que não falei apenas dos que gostam de futebol. Quem gosta mesmo de futebol assiste aos noventa, cento e oitenta, sei lá quantos minutos de bola rolando. Emenda um jogo no outro, um canal de televisão no outro. Mas quem para fascinado ao ouvir um grito de gol, qualquer grito de gol, tem um pacto com a suprema emoção desse esporte. E José Silvério, há cinquenta anos, é protagonista desse momento mágico; desse momento único que arrepia. Não tem cor de camisa nem distintivo. É um grito que sintetiza a jogada narrada com absoluta precisão como se estivesse, ele próprio, manejando os atletas numa peça de tabuleiro. O Brasil possui excelentes narradores mas nenhum deles ainda conseguiu compor com igual perfeição a trilogia com domingo e futebol”, José Carlos Carboni (diretor de jornalismo da Rádio Bandeirantes)
''Não é preciso falar do profissional. Mas, o espaço permite que eu diga alguma coisa sobre o amigo. Hoje, geograficamente , estamos um pouco distantes, mas a amizade é a mesma. Aliás, cada vez mais reforçada, já que esse é um valor cada vez mais raro. Tive o privilégio de viver momentos inesquecíveis ao lado dele. Confidências, revelações, decepções, desabafos, sorrisos e lágrimas nos acompanharam pelo mundo. Dividimos as preocupações com os filhos e refletimos sobre a nossa caminhada diária. Trocamos ao longo da vida solidariedade, companheirismo, sinceridade e todos os nossos defeitos. É ótimo tê-lo na minha vida'', Wanderley Nogueira (Jovem Pan)
“Quem é José Silveiro ? Oras, simplesmente o ‘Pai do Gol’. Só isto já basta para mostrar a importância dele no jornalismo esportivo brasileiro. Eu, graças a Deus, tive a oportunidade de trabalhar com ele por quase 10 anos na Rádio Bandeirantes. E o orgulho de ter sido chamado milhões de vezes por ele no ar. 50 anos de carreira do Silvério significam 50 anos de alegrias e emoções no Rádio Esportivo Brasileiro’, Eduardo Affonso (ESPN)
''Falar de José Silvério é falar de um amigo que aprendi a admirar. Trabalhei com o Zé por anos a fio na Jovem Pan. Sempre muito profissional, sério nas coisas que faz. É o tipo de narrador que vê tudo, o repórter tem que ser muito criativo para acompanhá-lo. Me obrigou a ficar mais atento, afinal ele não deixava quase nenhum detalhe ao largo. Tive a sorte de trabalhar com Silvério e mantemos uma boa amizade. Quando nos vemos é muito gostoso, gratificante e é só um gozando o outro. Parabéns, Silvério. Mais 50 anos de carreira para você. O Rádio precisa de um gênio como você…Abraços..'', Luis Carlos Quartarollo (Jovem Pan)
''Um dos meus orgulhos profissionais é poder trabalhar ao lado de quem eu, quando criança, ouvia transmitir futebol e era fã: José Silvério. O Brasil sempre foi célebre em revelar grandes narradores, mas o Silvério extrapolou a perfeição, atingiu um nível de excelência que poucos conseguem em uma área tão competitiva, extremamente técnica e dependente da emoção através da voz. O tempo passa e o Silvério segue cada vez melhor. Vida longa ao mito'', Ricardo Capriotti (Rádio Bandeirantes)
''O esporte é a metáfora da vida. Por isso, tal qual a vida, não perde sua essência, mas tem transformados seu ritmo e sua velocidade. Os jogos de futebol destes dias têm os mesmos dramas, perdas e conquistas dos que eram disputados em 1963. Ficaram, porém, muito mais rápidos. E José Silvério conseguiu não apenas acompanhar essas mudanças, mas tornar-se parte delas. Narra com a velocidade e a intensidade que o jogo exigir, sem perder a capacidade de transmitir o drama humano que há em qualquer campo de futebol. E Silvério, rápido como nunca, ainda consegue manter sua marca histórica: a precisão'', Claudio Zaidan (Rádio Bandeirantes)
“O Pelé da narração ou se preferir, Beethoven, Einstein, Da Vinci, Michelangelo… Se tivesse um prêmio Nobel de narração esportiva, imagino, este seria conferido ao genial José Silvério”, Leandro Quesada (Rádio Bandeirantes)