O lance errado de Armstrong
Leandro Quesada
As revelações feitas pelo ciclista Lance Armstrong ao programa de TV de Oprah Winfrey não aliviam a mancha que ele carregará na carreira para sempre. O americano confirmou o uso de doping durante algumas competições. Ele ganhou, por exemplo, sete vezes a tradicional Volta da França.
Atuar ''turbinado'' e tirar proveito de substâncias proibidas para alcançar o topo acaba com a dignidade de qualquer esportista de qualquer esporte. Uma vergonha.
Fico aqui me perguntando o que leva um esportista a fazer este tipo de ''maracutaia''.
A causa social dele contra o câncer também não limpa as ações anti-desportivas que realizou de forma consciente e premeditada.
Fato é que outros tantos esportistas já tiveram os nomes envolvidos com o doping. Nos EUA mesmo há uma série de casos.
Durante os Jogos Olímpicos de Londres o tema doping foi notícia. Eu abordei este assunto quando os americanos suspeitaram dos resultados de uma jovem nadadora da China.
Os norte-americanos não suportam perder. Em jogos olímpicos, então, nem se fala. Os altos investimentos no esporte não permitem tropeços. E perder para a potência chinesa provoca uma pressão enorme na equipe de natação. Em Pequim, a China bateu o EUA, não nos esqueçamos!
A reação americana ao sucesso da chinesinha Ye Shiwen, de 16 anos, foi acusá-la de doping para alcançar as vitórias nos 400m medley e 200m medley.
Golpe baixo de quem não sabe perder.
Os EUA já se envolveram em casos de doping. Um dos monstros do atletismo, Carl Lewis, teve o nome flagrado na seletiva meses antes das Olimpíadas de Seul, em 88. Mesmo assim, Lewis disputou os 100 metros rasos e ficou com a medalha de ouro já que o vencedor Ben Johnson foi pego no doping.
A velocista Florence Griffith-Joyner se retirou das competições internacionais quando os exames antidoping ficaram mais intensos. Os tempos de Florence não foram superados até hoje, mesmo com todos os avanços na preparação dos atletas. Florence morreu jovem, aos 38 anos, vítima de asfixia.
Outros atletas americanos foram flagrados na história olímpica. Em 2000, em Sidney, Marion Jones confessou o uso de anabolizante tempos depois, devolvendo as medalhas. Antes, em Barcelona 92, Bonnie Dasse (lançamento de martelo) e Jud Logan (salto com barreiras) foram pegos.
Seul-88 teve o famoso caso de doping de Ben Johnson e outros nove. Los Angeles-84 terminou com 12 dopings. Barcelona-92 (5 casos), Atlanta-96 (2), Sidney-2000 (10), Atenas-2004 (25) e Pequim-2008 (21 casos).