Neymar é a vítima do futebol-marketing
Leandro Quesada
Não é fácil para um jovem de 20 anos suportar toda a pressão de uma profissão que é acompanhada de perto por bilhões de pessoas no mundo todo.
Os jogadores de futebol hoje não são apenas atletas. Eles são celebridades, tratados como tal pela mídia e pelos paparazzi, protegidos por seguranças, se vestem com marcas da moda, usam carrões importados, freqüentam restaurantes e baladas famosas, fazem comerciais de TV e disputam espaços com artistas e cantores.
É óbvio que este cenário tira a concentração até do mais concentrado jogador. Com Neymar, a situação não é diferente. Ao contrário, o garoto de ouro da Vila é a vítima principal deste futebol-marketing que exige além de gols e dribles, a participação efetiva nos ''compromissos'' extra-campo.
O plano do Santos para mantê-lo no Brasil tem um preço alto. A agenda cheia que ocupa boa parte do dia de Neymar, às vezes atrapalha a vida profissional, a vida pessoal e afeta a performance do craque nos jogos.
Neymar tem sofrido com todas as obrigações do futebolista-celebridade da nossa era. Talvez tenha chegado a hora de diminuir as ''tarefas'' fora de campo com os inúmeros patrocinadores e focar um pouco mais na profissão. Por mais paradoxal que possa parecer, Neymar corre o risco de arranhar o ''produto'' que se cria ao redor dele, se a qualidade do futebol sofrer estes impactos negativos.