Boato de renúncia fortaleceu Teixeira
Leandro Quesada
Esta história aponta como alguns boatos se transformam em notícia:
No início de uma manhã, em Brasília, um deputado se delicia com uma mentira – que contou a outro deputado – em conversa com um colega.
''O Ministro vai cair hoje… São muitas acusações, ele não agüentará tanta pressão'', disse o nobre deputado.
Mais tarde, na hora do almoço, o factóide ganhou força, atraiu outros políticos, começou a preocupar o Planalto e logo, ganhou espaço na mídia.
No fim da tarde, a capital Federal estava envolvida em mais um burburinho. E o tal deputado, sem caráter, ria da própria mentira e, ao mesmo tempo, começava a acreditar na própria farsa.
Nos telejornais noturnos, as manchetes indicavam que o Ministro não se sustentaria no cargo e que o presidente da República não teria como segurá-lo.
Pois bem, a mentira virou ''verdade''. O ministro estava com a faca no pescoço, prestes a deixar a pasta, suspeito de desviar verbas e aceitar propinas. ''Uma questão de tempo para a mudança no comando do Ministério'', disse o analista politico.
Alguns dias depois, no entanto, a queda do Ministro não aconteceu. Os documentos das falcatruas não apareceram e as acusações perderam a força.
Mal comparando é a situação vivida pelo presidente Ricardo Teixeira.
Os boatos surgiram dentro da própria CBF e na sede da Federeção Paulista de Futebol. Nas duas entidades, o mesmo interesse: a saída de Teixeira e o olho gordo na cadeira da presidência da Confederação Brasileira de Futebol.
Teixeira não caiu. A partir de agora, ele se fortalece das acusações. O tiro saiu pela culatra e o dirigente ficou mais forte no cargo.
Assim como aquele deputado mentiroso que inventou a queda do Ministro, os dirigentes que sustentaram a renúncia de Teixeira também não devem ter vergonha na cara.
Ao que parece, a não ser que Teixeira em um momento de sanidade resolva largar o osso, a CBF continuará nas mãos do ''todo-poderoso chefão'' por mais um tempo.