O meu ídolo Sócrates
Leandro Quesada
A morte do doutor da bola me fez voltar no tempo. Coisa de garoto, peladeiro, com pés descalços jogando bola na rua e nos campinhos de terra, imitando o calcanhar de Sócrates e comemorando o gol com o braço erguido.
Lembrei dos melhores momentos da minha vida no início dos anos 80. Do futebol de botão com meu irmão Lourenço e meu tio Humberto (eu não ganhava uma deles), da santa macarronada de todos os domingos da minha mãe Izahyra (mamma mia) e do meu velho pai Lourenço (careca), comigo, nas arquibancadas do Pacaembu e do Morumbi.
Anos dourados de uma vida que não volta mais. Que saudade!
Saudade daquela seleção brasileira de Sócrates.
Saudade de um futebol que também jamais voltará a ser o mesmo. Sem saudosismos, mas era diferente, emocionante, comprometido, atuante e rebelde. E Sócrates foi, talvez, o maior símbolo deste futebol.
Jogadores como ele, dificilmente, surgirão, no plano técnico e na conduta de pensamento. A figura física de Sócrates era imponente, alta, esguia e com uma classe incomparável para jogar bola. Fora dos campos, Sócrates foi um dos caras mais inteligentes do Brasil. Politizado, contestador, idealista, socialista e filósofo.
Ele foi líder da democracia corinthiana. E foi além como partícipe do movimento Diretas-já. Sócrates se inseriu em um contexto maior no cenário brasileiro.
Com a morte de Sócrates vai um pouco da nossa luta, das nossas dores e alegrias, das nossas lembranças e das pessoas que amamos (pausa para o choro…).
Descanse em paz, Doutor.