Sou favorável a todo tipo de manifestação, campanha, passeata e ¨panelaço¨. Qualquer cidadão pode, se quiser, com uma simples inscrição na cartolina ou de uma forma mais pomposa, mostrar o descontentamento com o status quo, em público. Pode e deve, sempre! Democracia com responsabilidade.

Sou favorável às passeatas importantes para aumento de salários para professores, policiais e médicos, em setores vitais de educação, segurança e saúde. Mas jornalistas, embora, cidadãos, não devem se envolver com tal movimento. Não, mesmo. A contribuição jornalística é investigar, com responsabilidade, e informar. Posteriormente, cobrar as esferas competentes.

No caso de Ricardo Teixeira é válido discutir a ¨longevidade¨ do dirigente na CBF. São vinte e um anos comandando a entidade, que representa a seleção de futebol mais popular do mundo. A rotatividade da presidência da Confederação Brasileira de Futebol, creio eu, traria ideias novas com gente mais preparada.

Tanto tempo no poder faz o sujeito ¨se achar¨ o dono do pedaço, dono da bola, do futebol, da seleção… Mas faz com o apoio de federações, clubes, políticos e afins.

Para os arautos, no entanto, que acham que eu deveria ir à Av. Paulista, no sábado, dia da minha sagrada folga, fazer ¨som¨ contra Ricardo Teixeira, a minha resposta: tenho mais o que fazer, gente!

Minha contribuição foi dada, se vocês não sabem, na CPI CBF-Nike. Em 2000, lá na Câmara dos deputados, em Brasília, eu fui informante dos ¨podres¨ do futebol brasileiro. A Comissão Parlamentar de Inquérito, comandada por Aldo Rebelo e Silvio Torres investigou a relação da CBF com a NIKE, além de outros assuntos ¨obscuros¨ do nosso futebol. Muita gente foi denunciada, inclusive dirigentes como Teixeira. Se nada aconteceu depois, se ninguém foi para a cadeia, a culpa não foi da CPI, que fez, brilhantemente, o papel dela. Nem culpa minha, pois não tenho poder de polícia como ¨certas¨ pessoas pensam quem têm ou que eu tenho.

Eu prefiro servir ao trabalho sério da investigação de uma CPI e não às passeatas, com todo o respeito aos que foram. Uma questão de posição. Quantos de vocês estiveram lá em Brasília na CPI? Quantos jornalistas, torcedores, dirigentes e jogadores ajudaram diretamente a limpar o futebol brasileiro?

Quem quiser saber sobre minha participação na CPI, é simples: no site www2.camara.gov.br vejam o ícone ¨notas taquigráficas¨, na 15a reunião, do dia 5 de dezembro de 2000.