Saber a hora de parar não é simples, não é fácil. Ronaldo já vivia o dilema nos últimos meses: seguir atuando abaixo do nível que poderia produzir ou pendurar de vez as chuteiras que vestiram os pés famosos do maior goleador das Copas.

Ele escolheu a segunda opção para respeitar a história fenomenal construída em quase duas décadas de profissão.

Ronaldo respirou todos os ares possíveis na carreira. Foi ao céu e ao inferno várias vezes mas se recuperou sempre com a marca da superação. Na seleção brasileira, a melhor tradução: campeão como garoto prodígio em 94, vice na fatídica decisão em 98 na França, consagrado no penta de 2002 e fracassado na Alemanha em 2006.

Ídolo em grandes clubes do mundo, como Cruzeiro, depois PSV Eindhoven, os italianos Inter e Milan, os espanhóis Barcelona e Real Madrid, Ronaldo, na última etapa da carreira, veio para o Corinthians e quando todos achavam que tudo estava acabado, ele mostrou os lapsos fenomenais.

Mas Ronaldo não aguentava mais as obrigações e as exigências da profissão. A rotina de treinos, concentrações, fisioterapia, brigas com a balança, contusões e dores o incomodavam. O ônus estava superando o bônus. Se fora de campo, a parceria financeira com o Corinthians esteve sempre afinada, dentro dele, a sintonia falhava.

Era a hora de se aposentar. Se aposentar da pele de jogador mas não do futebol. O projeto do Corinthians, segundo o presidente Andrés Sanchez é transformar o gênio em embaixador do time. Ronaldo participaria das decisões do futebol, seria um consultor de negócios, atrairia novos investidores-patrocinadores, viajaria com a delegação, entre outras funções. Assim o impacto da parada será bem menor, minimizando os efeitos da decisão difícil de encerrar a carreira.

Adeus, Ronaldo. E obrigado.